A Lata de Aço
O Surgimento das
Latas de Aço
No século XIX, o mundo passava por profundas transformações políticas, econômicas e científicas. Enquanto novas descobertas revolucionavam a ciência e a cultura, os exércitos enfrentavam um desafio crucial: como conservar alimentos para suas tropas durante longas campanhas militares. Foi nesse contexto que a necessidade de uma solução prática e eficiente para a preservação de alimentos deu origem a uma das invenções mais impactantes da era moderna: a lata de aço.
Napoleão Bonaparte, imperador da França, foi um dos principais impulsionadores dessa inovação. Seu exército sofria com a má conservação dos alimentos, o que resultava em perdas significativas de soldados devido à fome e a doenças como o escorbuto. Determinado a resolver o problema, Napoleão ofereceu um prêmio de 12 mil francos, em 1795, para quem desenvolvesse um método eficaz de preservação de alimentos.
A resposta veio em 1802, com o inventor Nicolas Appert. Ele criou a "appertização", uma técnica que consistia em acondicionar alimentos em recipientes herméticos e submetê-los a um processo térmico. Essa inovação permitia que carnes, legumes e peixes permanecessem conservados por até um ano. Appert foi o pioneiro na conservação de alimentos em larga escala, e seu método revolucionou a logística de abastecimento militar.
Em 1810, Peter Durant deu um passo além ao patentear a primeira lata de ferro revestida de estanho, uma embalagem mais resistente e adequada para o processo de enlatamento. A patente foi vendida para a empresa inglesa Donkin, Hall & Gamble, que no mesmo ano, realizou novos estudos e aplicou novas tecnologias ao invento, fazendo com que o sistema appertização fosse substituído pelo enlatamento, dando muito mais segurança, sabor, qualidade nutricional e facilidade no transporte de alimentos. Surgia, enfim, a lata de aço! A nova embalagem substituiria os frascos frágeis criados por Appert.
A nova embalagem rapidamente ganhou o mundo, impulsionada pelas conquistas militares e pelas grandes navegações comerciais. A lata de aço tornou-se essencial não apenas para exércitos, mas também para a sociedade civil, facilitando o transporte e o armazenamento de alimentos em larga escala. Ao longo dos anos, a tecnologia de enlatamento evoluiu, consolidando a lata de aço como uma embalagem versátil, durável e sustentável.
Hoje, a lata de aço é parte integrante da cultura moderna, utilizada em diversos setores, desde alimentos até produtos industriais, cosméticos e decoração. Sua história é um testemunho da capacidade humana de transformar desafios em soluções inovadoras, e seu legado continua a impactar positivamente o mundo.

O AÇO
O Aço: Uma Matéria-Prima que Transformou o Mundo
O aço é um dos materiais mais essenciais da sociedade moderna, movimentando bilhões na economia global e estando presente em praticamente todos os setores da vida humana. Sua história remonta à antiguidade, quando o ferro, sua base, começou a ser utilizado pelo homem. Desde então, o aço evoluiu de uma descoberta rudimentar para uma das forças motrizes do desenvolvimento tecnológico e industrial.
A jornada do aço começou há milhares de anos, quando o ferro foi descoberto acidentalmente durante a Idade da Pedra Polida, por volta de 8.000 a.C. Exposto ao fogo, o minério de ferro transformava-se em bolas brilhantes, que fascinavam as civilizações antigas. Com o tempo, o ferro tornou-se fundamental para a criação de ferramentas, armas e utensílios, impulsionando a agricultura, a domesticação de animais e o surgimento das primeiras sociedades organizadas.
A verdadeira revolução do aço, no entanto, ocorreu durante a Revolução Industrial, no século XVIII. Com o domínio das técnicas de fundição e a descoberta de como reduzir o carbono no ferro gusa, o aço surgiu como um material mais resistente e versátil. Ele se tornou a espinha dorsal da industrialização, permitindo a construção de máquinas, ferrovias, pontes e edifícios que moldaram o mundo moderno.
Hoje, o aço é sinônimo de inovação e sustentabilidade. Como o material mais reciclado do planeta, ele pode ser reutilizado infinitamente sem perder qualidade, contribuindo para a economia circular e reduzindo o impacto ambiental. Além disso, sua produção moderna prioriza a eficiência energética e a minimização de emissões, alinhando-se às demandas por práticas industriais mais limpas e responsáveis.
Presente em embalagens, automóveis, infraestrutura, eletrodomésticos e até na medicina, o aço continua a ser indispensável para o progresso humano. Sua versatilidade, durabilidade e capacidade de adaptação às necessidades da sociedade garantem que ele permaneça como um dos pilares da civilização, conectando passado, presente e futuro.

Formatos, tamanhos e aplicações das latas de aço
As latas de aço são reconhecidas pelas suas características inigualáveis: técnicas,
estéticas, práticas e infinitamente recicláveis. Se dividem em quatro grandes grupos:
1. Latas para alimentos – food cans
2. Latas para produtos químicos e industriais – general line cans
3. Latas artesanais, decorativas e promocionais – craft / decorative cans
Formatos, tamanhos e aplicações das latas de aço
Latas de Alimentos - Food Cans

Cilíndricas:
Geralmente em três peças, com o fundo e a tampa recravadas ao corpo com flange na extremidade, podendo ser feita em duas peças, nesse caso o fundo é integrado ao corpo e somente a tampa é recravada.
Aplicações: conservas, molhos, sopas, legumes, pet food, cárneos, pescados, palmitos, lácteos.
Cilíndricas:
Geralmente em três peças, com o fundo e a tampa recravadas ao corpo com flange na extremidade, podendo ser feita em duas peças, nesse caso o fundo é integrado ao corpo e somente a tampa é recravada.
Aplicações: conservas, molhos, sopas, legumes, pet food, cárneos, pescados, palmitos, lácteos.
Retangulares:
Base retangular ou quadrada com cantos retos ou arredondados, podendo ser feitas em duas ou três peças.
Aplicações: Sardinhas, anchovas, patês, corned beef.
Pequenas:
Geralmente são usadas para o produto tem maior valor agregado consumido em porções individuais.
70g a 300g – usadas em latas de sardinha, patês caviar, anchova, extrato de tomate, conservas.
Médias:
São usadas para os produtos que fazem parte da rotina das famílias:
300g a 1 Kg – Conservas, molhos, frutas, vegetais, creme de leite, leite condensado, leite em pó, cafés, óleos comestíveis, achocolatados, sopas, legumes, pescados, cárneos, pet food.
Grandes:
Grandes: São as latas Institucionais, geralmente de uso coletivos, industriais, restaurantes e corporações.
1 a 20 litros – sopas e molhos em grandes porções, ervilhas, milhos, feijões, carnes, óleos vegetais, comidas prontas.
Latas para produtos químicos e industriais
– general line cans
Formatos, tamanhos e aplicações das latas de aço

Cilíndricas:
As latas cilíndricas em sua maioria são usadas para acondicionarem os volumes que vão de 125 ML a 3,6 litros.
Aplicações: Solventes, catalisadores, tintas artísticas, Tinta imobiliária, vernizes, esmaltes.
Retangular:
São latas com uso principalmente Produtos para uso industrial, manutenção e solventes para tintas. Tem como característica alça superiores, bicos retrateis para dispersão e volume aproximado de 5 litros.
Aplicações: Thinners, querosenes, desengraxantes, óleos.
Balde Metálico:
Balde metálico: A maior contribuição dos baldes metálicos são garantir a segurança do transporte de produtos perigosos através da certificação UN que submete as embalagens a situações extremas de risco, simulando cenários reais de stress.
Aplicações: Tintas industriais, óleos lubrificantes, resinas, vernizes, vedantes, esmaltes, produtos para construção.
Latas artesanais, decorativas e promocionais - craft/decorative cans
Formatos, tamanhos e aplicações das latas de aço

Diferente das latas para alimento e industriais que tem uma missão mais bem definida que é levar o produto ao consumidor final, as embalagens artesanais têm a missão voltada para impressionar, está mais ligada ao Marketing.
Diferenciais: Impressão gráfica mais exuberante e detalhada, uso de gravação de auto e baixo relevo, acabamentos especiais como brilhantes, fosco, vernizes especiais e técnicas de fechamentos especiais como rosca, dobradiças, imã e pressão.
Os formatos não seguem um padrão rígido como: Cilíndrico, retangular, quadrado e ovalado, mas todos esses formatos estão presentes nas latas artesanais e muitos outros.
Os tamanhos variam de 50 ml a 20 litros e acondicionam uma gama infinita de produtos que vão dos temperos, chás, lembrancinhas a bebidas destiladas e relógios com alto valor agregado, bem como latas promocionais e decorativas.
Latas para aerossol - aerosol cans
Formatos, tamanhos e aplicações das latas de aço

Embora o formato mais comum seja cilíndrico, existem variações:
Cilíndrico reto – diâmetro constante em toda a altura; mais usado em produtos industriais e cosméticos.
Cilíndrico cônico – parte superior levemente estreitada para encaixar a válvula; ajuda na ergonomia e empilhamento.
Formato especial – latas moldadas com curvas ou diâmetros diferenciados, geralmente para marketing ou design diferenciado.
Tamanhos:
Os tamanhos de latas aerossol são definidos principalmente pelo diâmetro (mm) e altura (mm).
Padrões comuns no mercado:
Diâmetros: 45 mm, 52 mm, 57 mm, 65 mm, 70 mm.
Alturas: variam de 85 mm (mini sprays) até 320 mm (uso industrial).
Capacidade: normalmente indicada em volume nominal (ml) ou conteúdo líquido (g/ml) – podendo variar de 50 ml até 1000 ml.
Pequenas: 50–150 ml – perfumes, desodorizantes de bolsa, tinta para retoques.
Médias: 200–400 ml – desodorantes, inseticidas, lubrificantes.
Grandes: 500–1000 ml – tintas spray, espumas expansivas, produtos de limpeza industrial.
Aplicações:
A lata de aço para aerossol é usada em diversos segmentos:
Higiene pessoal e cosméticos: desodorantes, antitranspirantes, perfumes e body sprays, espumas de barbear, fixadores de cabelo.
Domissanitários: inseticidas, odorizadores de ambiente, limpadores multiuso em spray, desinfetantes.
Automotivo e industrial: lubrificantes (ex.: WD-40), desengripantes, desmoldantes, tintas spray, espumas expansivas de poliuretano.
Saúde e veterinária: medicamentos em spray, antissépticos, produtos veterinários e higiene animal.
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Tampa Metálica de
Garra Twist-Off
Esta tampa de aço possui sistema de fechamento por torção. A garra twist-off é amplamente aplicada aos mais variados tipos de frascos para o setor de alimentos e bebidas, oferecendo múltiplas funcionalidades e tecnologia. Conheça aqui seus diferenciais:
As tampas twist-off são normalmente oferecidas em três versões:



Funcionalidades:
-
Fechamento hermético da embalagem;
-
Preservação do produto por tempo prolongado (shelf-life estendido)
-
Fácil abertura e refechamento da embalagem
-
Resistência
-
Personalização em alta qualidade de impressão (efeito brilhante / efeito mate)
-
Reciclagem: o aço é infinitamente reciclável, sem perda de propriedades
A tecnologia por traz da tampa metálica:
A tampa é fabricada a partir da folha de aço laminada a frio e revestida com fina camada de estanho ou cromo, que passará pelo processo litográfico (aplicação de esmaltes, vernizes e tintas), antes de sua conformação, para assim estar apta ao contato com o alimento (reverso da tampa) e com o ambiente externo (face da tampa). Revestimentos diferenciados são oferecidos, dependendo do produto a ser envasado.
As tampas metálicas são disponibilizadas no mercado em vários diâmetros. No Brasil, os diâmetros atualmente produzidos são: 30mm, 38mm, 58mm, 63mm, 74mm, 82mm e 110mm (versão regular) e 70mm (versão deep).
Texto em colaboração com Eliane Romero – Silgan White Cap do Brasil
Impressão Digital
A embalagem sempre foi uma extensão do produto — uma forma de protegê-lo, apresentá-lo e, cada vez mais, de diferenciá-lo. Com a ascensão da impressão digital no aço, uma nova fronteira se abre para marcas que buscam inovação, personalização e impacto no ponto de venda. Essa tecnologia está transformando a lata metálica em um ativo estratégico.
Historicamente, o uso de latas de aço estava restrito a grandes volumes de produção, devido aos altos custos de setup e impressão. Isso excluía marcas menores, produtos sazonais e campanhas promocionais. A impressão digital mudou esse cenário ao permitir tiragens reduzidas com custos viáveis, tornando o aço acessível para nichos e estratégias de marketing mais ousadas.
Além disso, a possibilidade de impressão de dados variáveis — como nomes, mensagens personalizadas, QR codes e artes exclusivas — viabiliza a personalização em massa, criando experiências únicas para o consumidor e fortalecendo o vínculo com a marca.
Com esses avanços, o aço deixou de ser discutido apenas em reuniões de compras, onde o foco é o custo, e passou a ocupar um lugar estratégico nas mesas onde se define a proposta de valor dos produtos. Hoje, ele participa das decisões de marketing, branding e inovação.
Essa mudança é simbólica: o aço, antes limitado por questões operacionais, agora é reconhecido como uma ferramenta de diferenciação e construção de marca.
A impressão digital no aço está permitindo que entrantes em mercados consolidados se destaquem pela embalagem, conquistando atenção e espaço mesmo diante de concorrentes estabelecidos. A lata personalizada se torna um diferencial competitivo, capaz de comunicar sofisticação, sustentabilidade e inovação.
Texto em colaboração com Daniel Speicys Cardoso – Loja da Lata

Litrografia – Impressão das Latas
A litografia (lithos significa pedra e graphein escrever) foi descoberta no final do século XVIII por Aloys Senefelder que buscava um meio econômico de imprimir suas peças de teatro. Porém, a grande gama de produtos que nascia e que utilizava a lata de aço como melhor embalagem foi o fator principal para a especialização e avanços das oficinas e gráficas ao longo de toda a história da impressão litográfica.
As primeiras formas e formatos foram em folhas de flandres para produtos como: banha, biscoito, bala, manteiga e queijo, além de serem inseridas em objetos manufaturados tais como latas para mantimentos e bandejas.
Com o avanço das pesquisas e estudos, em meados dos anos 50 do século passado, o processo de litografia ganhou um grande concorrente, a impressão fotográfica. Conhecido como offset, este processo apareceu com a mecanização da reprodução da impressão, exigindo novas adaptações a quem detinha as técnicas.
O processo de impressão tomou rumo cada vez mais importante e essencial, principalmente quando os avanços se encaminharam para adequações às embalagens de aço. E o processo de litografia nas embalagens de aço é um dos fatores fundamentais para o avanço na utilização das latas na cultura das pessoas.
Foi por meio dele que marcas foram disseminadas, que produtos ganharam cada vez mais espaço, além de ser o principal fundamento para a escolha fiel do consumidor. De fato, a litografia aplicada a todas as embalagens de aço construiu um padrão de reprodução de cores e imagens que consolidou a vida das pessoas, gerando aos produtos muito mais valor agregado.
É atualmente o mais popular dos processos de impressão. Usando um método chamado planográfico, em que a imagem e campos não-impressos estão essencialmente em um mesmo plano da matriz, a distinção entre uma ou outra acaba é feita quimicamente, por meio de uma emulsão fotosensível.
Existem duas diferenciações fundamentais entre os métodos de impressão e a litografia: na litografia, não se mistura água com a tinta offset (oleosa) e a tinta sai de uma matriz para um cilindro intermediário para depois ir ao material impresso, seja ele papel, folhas metálicas, etc.
Na matriz litográfica, ou seja, no primeiro desenho feito, a imagem é criada para não se misturar à água e sim à tinta, tendo os espaços em branco o contrário, ou seja, facilmente misturados à água e não às tintas. Após isso, essa matriz é colocada em um rolo para rodar e fixar ambas as fases e partes, para, em seguida, ir à folha escolhida para a impressão.
O processo que leva a imagem da matriz para o cilindro intermediário antes de chegar à folha escolhida se chama “offset”. Os maiores benefícios dessa técnica são: impressão de ampla variedade, impressão frente-e-verso, durabilidade da matriz, impressão em relevo e acabamento de acordo com as especificações e formas. Hoje há impressões em relevo, ou seja, sem a utilização de tintas, apenas com formato desenhado no corpo da lata, o que a torna de menor custo e diferenciada.
Vernizes
Os vernizes são empregados para evitar a oxidação atmosférica e o contato direto de metal com o produto alimentício ou para fins estéticos. O bom desempenho do verniz aplicado está relacionado à espessura da camada aplicada, à aderência sobre a folha, ao grau de cozimento e à porosidade do filme. Os vernizes apresentam como característica a elasticidade, acompanhando as deformações sofridas no processo de fabricação das latas de aço, bem como, deformações ocorridas durante o seu manuseio, fazendo com que latas amassadas não comprometam a integridade do produto.
A camada e o tipo de verniz devem ser especificados de acordo com o produto a ser acondicionado e com os processos mecânicos que o material envernizado estará sujeito na fabricação da lata. As resinas mais utilizadas como base na formulação dos vernizes são do tipo epóxi-fenólico, epóxi-uréia, epóxi-amino, poliéster, acrílico e vinílico, além de sistemas vinílico-epoxi (organossóis). Encontram-se disponíveis no mercado inúmeras formulações com propriedades distintas.
Para alimentos ácidos, como os derivados de tomate, é necessária aplicação interna de estanho e verniz. O processo é feito na fábrica produtora da lata antes da confecção dos corpos da embalagem.
Os revestimentos são não tóxicos, seguros, elásticos e resistentes. Mais de 50 tipos de revestimentos foram desenvolvidos e testados para aplicação em embalagem de aço para contato com alimentos, não representando qualquer risco a saúde. Todos são aprovados por órgãos competentes como ANVISA e FDA.
Dentre os vernizes utilizados, atualmente, destaca-se o verniz UV. Essa variedade é uma camada protetora que, aplicada, resulta em um acabamento parecido com a plastificação.
A sua introdução às embalagens de aço se deu na década de 70 do século passado, como uma consequência positiva para o fim de problemas de irritação de pele.
O uso do UV tem maior intensidade nos países da Europa, porém, algumas empresas brasileiras já passaram a adotar tal procedimento.
A sua utilização, de fato, se deu na metade dos anos 90, quando se verificou outras vantagens em sua utilização, como menor tempo de secagem frente aos vernizes convencionais, pouca utilização de produtos químicos e tóxicos, segurança total aos produtos enlatados, em especial os alimentos, além de economia de energia em cerca de 90%.
